sábado, 23 de abril de 2011

Portugal na Vertical - A disciplina para fazer 600 kms

A disciplina talvez seja uma das características fundamentais para se chegar.
Está presente sempre quer na preparação quer no decorrer dos 600 kms.
 Começa logo na escolha do equipamento…  o equipamento é importante mas não é uma obsessão, é importante ter os melhores calções que se conseguir, luvas e sapatos… isto é o fundamental, são os pontos de contacto com a bicicleta. Faz toda a diferença, ter umas gramas algures na bicicleta não.
 
A disciplina nas paragens é outra das minhas maiores preocupações, pois inevitavelmente com o cansaço a tendência é para estar mais tempo parado e isso não é bom para quem quer chegar. Parar onde é suposto, de preferência apenas nos posto de controlo e no tempo definido.
As dores por vezes tendem a intrometer-se na disciplina e mais uma vez aqui o meu pensamento é quanto mais tempo estiver sentado no selim mais o traseiro me vai doer. Um dos grande problemas da dor de traseiro não é só o desconforto que provoca no “dito” mas sim o impacto que provoca nas articulações do joelho e dos pulsos pois ao se tentar poupar o traseiro acaba-se por fazer penar os joelhos e é bem mais fácil pedalar com dor de traseiro do que com os joelhos arruinados.
No momento em que ficamos bloqueados com as dores começamos a andar para traz. No meu caso o meu relógio tem 2 regressivos um para beber e para comer e outro para fazer um auto-diagnostico de como me vou a sentir… falar comigo próprio… isto serve para nunca me desligar do corpo e dos seus sinais. Para não me passar para o outro lado, onde se pedala sem pensar… de forma inconsciente. Este aspecto para mim é importante para manter a calma e garantir algum controlo sobre a situação.
A disciplina joga também um papel decisivo no variações físicas e emocionais que surgem. O esgotamento fisico e emocional está sempre a par e passo. Um e outro tendem a andar juntos e é importante que se encontrem estratégias para os desencontrar. Cada um tem as suas, eu gosto de pensar que mente nos prega partidas.
Excepto em situações físicas criticas, desidratação, lesões sérias, road rash, etc..., o shutdown é-nos sempre imposto emocionalmente, a cada km que pedalamos vamos ficando mais fracos. Os homens de ferro(acho que habitualmente lhes chamam gente “dura”), provavelmente tem a vida mais fácil, apenas com o problema de que tantas vezes ignoram os sinais de shutdown que um dia, e esse dia chega sempre se aleijam.

Por fim a disciplina necessária para nos preocuparmos com quem vai connosco Aprendi que tão importante como eu chegar e tentar fazer que quem vai realmente connosco também chegue. Se esta preocupação for partilhada ficamos mais fortes e aumentamos grandemente as possibilidades de chegar… uma questão de economia de escala da longa distância... pois afinal isto não é uma corrida de fim de semana.

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Acerca de mim

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Pedalando por aí... de preferência em estradas sem buracos... de preferência... sozinho... ou bem acompanhado. 2008 = Portugal na Vertical - Viana do Castelo Sagres Non Stop foi a 27 de Julho. Em 2009 lá fui eu outra vez... Portugal na Vertical 2ª edição. Em 2010 não há 2 sem 3 lá se fez o Portugal na Vertical + os Brevets do ACP rumo ao PBP 2011 Em 2011 = Randonneurs Portugal e o PBP 2011 em Agosto. 2012- We will see...